A eleição de Donald Trump foi a maior vitória do bolsonarismo nos últimos tempos.
Num momento em que golpistas foram para a cadeia e vários outros fazem fila para entrar, ter de volta o apoio do Tio Sam foi um alívio.
Nos sonhos delirantes da nossa extrema direita de porta de cadeia, a vitória de Trump pode abrir o caminho para uma anistia aos golpistas e a reversão da inelegibilidade de Bolsonaro.
Ao The New York Times, Bolsonaro não disfarçou a excitação: “Estou me sentindo uma criança novamente com o convite de Trump. Estou animado. Não tomo mais nem Viagra”. O ex-presidente não conseguiu comprovar que o convite era verdadeiro, mas o viralatismo explícito foi genuíno.
O americano volta para o segundo mandato ainda mais confiante, já que foi eleito mesmo após liderar uma invasão golpista ao Capitólio que resultou em quebra-quebra e morte.
É o primeiro presidente da história dos EUA condenado por crimes federais. Além do respaldo das urnas, o projeto de Trump conta ainda com o apoio declarado e desavergonhado das big techs.
Esse conjunto de fatores permite que ele pise com ainda mais força no acelerador do banditismo e do nazifascismo do século XXI. A tragédia está anunciada e a distopia, só começando.
Como um chimpanzé bêbado jogando War, Trump iniciou uma guerra comercial sem sentido com vários países — inclusive com os tradicionais aliados — e deixou claro para o mundo o seu viés nazifascista em temas como imigração e o massacre em Gaza.
Esses primeiros dias da administração Trump jogaram água no chope da festa bolsominion.
Cidadãos brasileiros deportados foram algemados e agredidos por agentes dos EUA, fazendo até mesmo o deputado Nikolas Ferreira, do PL de MG — um dos vira-latas complexados que mais abana o rabinho para Trump — chamar de “erro grave” e admitir que houve violação dos direitos humanos.
A alegria deu lugar ao constrangimento entre os políticos bolsonaristas, que estão tendo que rebolar para manter alguma coerência narrativa entre o seu patriotismo de fachada e o “Make America Great Again” colocado em prática.
Como ser patriota e, ao mesmo tempo, defender maus tratos aos brasileiros? Como ser ultraliberal e defender políticas protecionistas agressivas? Trata-se de uma tarefa complicada até mesmo para esses magos da retórica nonsense.