LONDRES e KIEV — A Rússia lançou na quinta-feira um míssil balístico intercontinental em direção ao sudeste da Ucrânia, disseram autoridades em Kiev, mas duas autoridades americanas disseram à ABC News que era um míssil balístico de alcance intermediário, ou IRBM.
Os militares ucranianos tinham “95% de certeza” de que o ataque foi com um ICBM, disse uma autoridade ucraniana à ABC News, mas acrescentou que ainda estavam examinando as partes do míssil no solo e ainda não haviam chegado a uma conclusão final.
“Hoje foi um novo míssil russo. Todos os parâmetros: velocidade, altitude — correspondem aos de um míssil balístico intercontinental”, disse o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy em uma declaração nas redes sociais. “Todas as avaliações de especialistas estão em andamento.”
Moscou não confirmou imediatamente o lançamento, e o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, se recusou a comentar, dizendo que perguntas sobre o assunto deveriam ser direcionadas ao Ministério da Defesa russo.
MAIS: Por que a luz verde do ATACMS da Ucrânia de Biden pode significar pressão para Putin nas negociações de paz
A Força Aérea Ucraniana anunciou na quinta-feira de manhã que havia rastreado o lançamento do ICBM, junto com seis mísseis adicionais, todos mirando a região de Dnipro. O ICBM parece ter sido lançado da região de Astrahan, no sudoeste da Rússia, disseram autoridades militares ucranianas.
Todos os mísseis foram lançados em cerca de duas horas, começando por volta das 5h, horário local, disse a Ucrânia.
Todos foram direcionados a empresas e infraestrutura crítica, mas apenas o míssil que a Ucrânia identificou como um ICBM atingiu a cidade, disse a Ucrânia. Os outros seis mísseis foram abatidos. Não houve relatos de vítimas ou danos significativos, disseram autoridades.
As autoridades dos EUA disseram que a avaliação do lançamento, o tipo de míssil e ogiva, e os danos em Dnipro continuavam. A distância do que a Ucrânia disse ser o ponto de lançamento até o local do ataque em Dnipro é de cerca de 600 milhas, uma distância menor do que a que um ICBM seria esperado percorrer.
Dois especialistas disseram à ABC News que o projétil, visto em um vídeo que circula online, provavelmente é “um míssil balístico com capacidade MIRV”.
O lançamento de um ICBM, se confirmado como tal, ocorreria em meio a preocupações de que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia poderia escalar ainda mais. Esta semana, os militares da Ucrânia lançaram pela primeira vez mísseis ATACMS de fabricação americana em direção a alvos dentro da Rússia, dias após o presidente dos EUA, Joe Biden, ter permitido tal uso de armas de longo alcance.
MAIS: Moscou alerta que autorização de mísseis dos EUA pode marcar novo nível de envolvimento em conflito para Washington
Kiev lançou na terça-feira seis ATACMS contra alvos dentro do território russo, de acordo com o Ministério da Defesa russo.
Zelenskyy disse que não confirmaria se a Ucrânia usou ATACMS para realizar um ataque a um depósito de munição na região de Bryansk, na Rússia, mas disse que a Ucrânia tem ATACMS e “usará todos eles” contra a Rússia.
Poucas horas depois de a Rússia anunciar que havia derrubado cinco ATACMS na terça-feira, o Kremlin anunciou que o presidente russo Vladimir Putin havia atualizado a doutrina nuclear do país, um movimento que reduziu o nível de exigência para a Rússia responder com armas nucleares. ICBMs russos são capazes de carregar ogivas nucleares, embora pareça que o míssil disparado na quinta-feira não estava equipado com uma.
Após esse aviso, a Ucrânia disparou na quarta-feira mísseis de cruzeiro britânicos Storm Shadow de longo alcance contra a Rússia pela primeira vez, disse uma unidade militar ucraniana envolvida na operação à ABC News. Pelo menos 10 desses mísseis atingiram uma propriedade na vila de Marino, disse a unidade.
Eles estavam mirando um posto de comando onde generais e oficiais do exército norte-coreano estavam presentes, disse a unidade. Mais de 10.000 tropas norte-coreanas estariam operando ao lado de forças russas na região de Kursk.
MAIS: Rússia prepara contra-ofensiva com 50.000 soldados, potencialmente incluindo norte-coreanos, dizem fontes
O 413º Batalhão de Sistemas Não Tripulados Separados da Ucrânia, que ajudou a fornecer controle de fogo para os ataques, disse à ABC News que havia informações de inteligência mostrando que norte-coreanos de alta patente estavam presentes.
Zelenskyy classificou o ataque russo na quinta-feira como resultado do “aterrorismo” da Rússia e de seu líder.
“Obviamente, Putin fica aterrorizado quando a vida normal simplesmente existe ao lado dele. Quando as pessoas simplesmente têm dignidade. Quando um país simplesmente quer ser e tem o direito de ser independente”, disse Zelenskyy. “Putin está fazendo o que for preciso para impedir que seu vizinho se liberte de seu domínio.”
